Mercado de Fertilizantes no Brasil

17/09

ANÁLISE

Estamos observando um ano de grande euforia no setor de fertilizantes. O Brasil cresceu suas entregas para consumidor final de Janeiro a Agosto deste ano com relação ao último ano em 25.9% segundo dados do setor, saindo no último ano de 13.573 mil toneladas para 17.053.
Fantástico, principalmente devido ao fato de que o produtor esta mais capitalizado e esta antecipando suas compras para a próxima safra de verão. Observa-se que o Mato Grosso comprou mais 22,4% em relação ao ano anterior, sendo que o estado campeão em antecipações foi o Maranhão, com 64%. Paraná antecipou 26%, São Paulo 24%, Rio Grande do Sul 18%, Goiás 42% e assim todos os demais estados consumidores, dando-se a entender que realmente a última safra foi muito rentável em todos os estados brasileiros.
Esperamos que o setor não cometa novamente o erro de se estocar no final de ano, entendendo que realmente haverá um crescimento, porém não os valores apurados até o momento. A nosso ver um crescimento de 5 a 6% deve ser o número final.
Todavia também esta situação nos mostra a fragilidade dos produtores de matérias primas, quando no mesmo período, observa-se o crescimento das importações brasileiras de matérias primas, como, por exemplo, o Sulfato de Amônia que cresceu 17%, a Ureia 35%, o DAP 9,6%, o MAP 81%, o TSP 47%, e o Cloreto de Potássio 39%.
Paralelamente, a produção nacional, em relação ao ano anterior, cresceu sobre somente 4 %, sendo que os produtos básicos chegam a ter quedas expressivas, tais como, 14% no Cloreto de Potássio, 19% no MAP, 6,5% no TSP e até 20% nos Complexos.
A produção agrícola brasileira hoje é fundamental na formação do PIB, sendo que participa em quase 23% deste (dados de 2010). E ainda temos uma dependência externa dos fertilizantes muito grande.
Na realidade o País hoje é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, porém, também somos, o quinto maior importador.
Muito se tem escrito sobre a preocupação governamental neste assunto, porém, como resultado positivo pouco tem sido visto. O único investimento de porte que esta sendo feito em termos de Fósforo, em novas minas, tem capital canadense. Já a Petrobras amplia suas unidades de Ureia e constrói uma nova unidade no Mato Grosso do Sul, Três Lagoas.
Em termos de Potássio sabemos que a Vale tem procurado ampliar sua produção nacional, assim como, desenvolve projeto na Argentina.
Porém é pouco, comparando-se com as necessidades atuais e com as reais possibilidades de crescimento da área agrícola no País.
Aonde esta o capital nacional desenvolvendo alternativas para esta área? É claro que são investimentos de longo prazo, com retornos não tão atraentes, porém, o BNDES deveria estar avaliando isto e dando oportunidades para o capital nacional.
Outro fato que nos preocupa é a concentração da distribuição nas mãos de poucas empresas.
Analisando-se a importação de Cloreto de Potássio através de dados obtidos junto a Ministério da Ind. e Com. e associando-se a produção de NPK, temos que 7 empresas controlaram 73% do mercado final que foi de 14.612.400 m/t, enquanto outras 46 empresas controlam 27%.
Cinco empresas de capital estrangeiro controlaram 50% das entregas de fertilizantes no Brasil de Janeiro a Agosto de 2011.
Tenho um grande amigo que me sugeriu algo que a princípio me pareceu meio impossível, porém agora, com mais reflexão, passo a entender a sua sugestão. Se o empresário nacional não se sente atraído este tipo de investimento, não estaria na hora do governo voltar a fazê-lo para garantir a expansão da produção, voltando a nacionalizar dentro de 20 anos, a exemplo do que aconteceu com a Petrofertil no passado?
A reflexão esta aberta e deve ser feita.
Muitos podem ter ideias diversas, porém, todos hão de concordar que não podemos dizer que a agricultura é nossa se 65% dos seus insumos de fertilizantes vem do mercado internacional e estes representam uma parcela significativa dos custos agrícolas no País.

Marcelo Gusmão

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